Comentário sobre a peça! "Migrantes", da Dionisos Teatro, toca pela sensibilidade ao tratar das angústias e da felicidade de quem chega a Joinville decidido a viver por aqui.
Casa cheia (lotada) outra vez, no sábado! A peça encanta, comove, emociona! Traz para a cena depoimentos reais de pessoas que vieram para Joinville na década de 70 e empresta a essas histórias a pitada ficcional. Usa a locução de notáveis do rádio joinvilense (Jota Montês, Eli Francisco e Ramiro Gregório da Silva) e monta uma trama romântica entre o rapaz que veio do Paraná e a menina que chega de Tubarão, fugida da enchente. O elenco passeia em cena! Trilha bem pensada, bem feita. Dramaticidade na medida. A gente ri e chora, especialmente quem é migrante, imagino! A peça também traz para o palco a linguagem do vídeo, projeta imagens simultaneamente à interpretação dos atores em telões, é cenário e é suporte para expressar a interpretação. Mais ao final, uma bela surpresa: a platéia (os migrantes) é envolvida e chamada a dar seus depoimentos (a impressão que se tem é a de que, se o elenco "desse corda", ficaríamos todos ali a noite inteira contando e ouvindo nossas próprias histórias de vida). Sensacional! Vira um coletivo! Ao final, cada ator diz o seu nome é diz que é de Joinville. Outro belo momento! A vontade que dá, é a de levantar da plateia e dizer: meu nome é "fulano" e sou de Joinville. Lembra daquela cena de Sociedade dos Poetas Mortos em que os garotos vão subindo nas cadeiras numa manifestação ao professor (Robin Williams)? Pois é bem essa vontade que dá! De levantar da cadeira e dizer: "Sou de Joinville". Aplausos especiais ao diretor Silvestre Ferreira e à professora Raquel Santiago, coordenadora do Laboratório de História Oral da Univille, comandentes do projeto e que também "são de Joinville". Aliás, um belo presente da Dionisos Teatro à cidade, nesse ano em que companhia completa seus 10 anos!!! [O editor do blog]