sexta-feira, 16 de maio de 2008

Histórias de Migrantes! Saiu o resultado! A psicológa Juliana e o jornalista Szabunia contaram suas belas histórias de Migrantes e foram os vencedores do nosso desafio cultural. Os dois vão assistir à peça "Migrantes", da Dionisos Teatro, no Juarez Machado, como convidados especiais e ainda tem direito a levar um convidado. Parabéns aos dois!!! Em um forte abraço aqui do blog e da produção da Dionisos!!! Obrigado por terem participado e por prestigiar o Teatro. A Juliana contou pra nós que até já havia comprado os ingressos e que vai sortear esses outros que ganhou junto aos seus alunos. Legal, né?

Vejam as "histórias de migrantes" que eles nos enviaram:

Juliana Perucchi
, Psicóloga e professora de psicologia da ACE, mora no Bucarein. - Essa é uma história real, é minha história. Trabalho em Joinville há seis anos como professora do ensino superior. Até março de 2007 eu residia em Florianópolis, viajava toda manhã de quinta-feira para entrar em sala às 07h30. Via o nascer do Sol toda semana da janela do meu carro, enquanto seguia para o trecho norte da BR101 para vir dar aulas no curso de Psicologia. Até que em um dia chuvoso, muito chuvoso, meu carro aquaplanou e capotou na altura de Barra Velha, foi quando a apreensão me fez tomar uma decisão: ou deixava meu emprego em Joinville e ficava trabalhando tempo integral na ilha, ou vinha morar pra cá. Decidi mudar-me para Joinville. Trouxe poucos móveis, resolvi comprar outros novos, ainda que modestos. Tive o apoio de pessoas legais, joinvillenses e forasteiros que me ajudaram de diferentes formas. Durante 2007 conheci a fundo o modo de vida da cidade, seus ótimos restaurantes e bares, caminhei pela beira-rio no final de tarde, fiquei alagada com meu carro na frente do Müller nas chuvas torrenciais, enrolei a língua pra pronunciar os nomes das ruas e de alguns bairros (tudo muito alemão!!!), realizei trabalhos de Psicologia Social junto a moradores de rua da pracinha do Floresta, vi apresentações do Bolshoi e do Dionísios (uma, inclusive, ma-ra-vi-lho-sa apresentada no Dia do Psicólogo: Entardecer). E agora que já estava até me acostumando com esse jeito germânico de ser... recebo uma proposta para trabalhar por dois anos como professora no programa de recém-doutores da CAPES na Universidade Federal de Minas Gerais. Ai ai... estou feliz, mas ao mesmo tempo, sinto-me meio sem raízes em nenhum lugar, ou em lugar nenhum. Natural de Criciúma, fui morar em Porto Alegre aos 18 anos para estudar, depois mudei-me para Tubarão pra fazer faculdade, depois para Floripa para fazer mestrado, e por lá fiquei, comecei o doutorado e a dar aulas em Joinville e Rio do Sul, até mudar-me para Joinville. As vezes me pergunto quando é que vou fixar os pés em um lugar e ficar. Mas como diz Foucault: "que graça teria a leitura de um livro se soubessemos seu final?"

Antônio Roberto Szabunia, Jornalista, morador do Costa e Silva
O caminhão entrou no trevo de Pirabeiraba quando amanhecia. Era março de 1979. Não lembro o nome do motorista, que chamavam de "Alemão". Trouxe nossa mudança aproveitando uma ida a São Paulo para buscar mercadorias no Ceasa. Nossos móveis estavam no meio das frutas e verduras destinadas ao supermercado Boehm, na rua Jaraguá. Fui morar numa casa na rua Almirante Barroso, no América. Um dia, precisando de chumbinho para a espingarda de pressão, perguntei na vizinhança onde poderia comprar. A resposta: "Pegue o zarco ali na Blumenau, vá pra cidade, desça no Dona Helena e passe no Tilp. Aproveite que hoje tem chimia fresquinha". Que idioma era aquele? Bem, traduzindo: peguei o ônibus na rua Blumenau, fui em direção ao Centro, desci no ponto em frente ao Hospital Dona Helena, descobri onde ficava a casa comercial Fernando Tilp, comprei meu chumbinho e aproveitei para levar um pote de geléia. E comecei a aprender o "joinvilês".